A maldição
da amargura
A palavra
amargura vem do grego pikria, que significa acerbidade, ira, aspereza,
descontentamento e irascibilidade. Amargura é resultado de frustração não
resolvida causada por ira ou inveja. A palavra chave é frustração. Amargura não
só destrói seu testemunho, mas também contamina outros! A palavra contaminar
vem do grego miaino, que significa manchar ou macular, contaminar cerimonial ou
moralmente. Torna a pessoa incapaz de manter comunhão com o Senhor, de adorar e
servi-lo. Uma amargura começa como “raiz”. No início, é uma minúscula raiz,
muito difícil de ser detectada. Não é grande nem fica na superfície onde possa
ser facilmente identificada. Pelo contrário, como um câncer, realiza seu
trabalho insidioso lá nas profundezas ocultas, na medula de seu organismo
espiritual. Somente depois de espalhar suas metástases é que os sintomas
aparecerão em palavras, pensamentos e ações amargas. A amargura está tomando conta das famílias,
da sociedade e das igrejas. As crianças são amarguradas com seus pais. Os pais
têm amargura com os filhos. Os divorciados têm amargura com os ex-cônjuges. Os
filhos de casais separados estão amargurados porque os pais se divorciaram. Os
irmãos têm amargura uns com os outros por rivalidades em questões de afeto ou
preferência dos pais e de heranças. Muitas famílias, antes unidas em amor, já
foram destruídas pela amargura que brotou depois da leitura de um testamento.
Há amargura no trabalho. Empregados têm ressentimento uns com os outros e com
os superiores. Há inveja entre a classe dos empregados e a classe dos
empresários. Há amargura na igreja. Os membros têm amargura com o pastor. E,
lastimavelmente, muitos pastores estão amargurados com suas ovelhas. Amargura
entre cristãos por causa de palavras, ações ou atitudes que ferem estão matando
e dividindo igrejas. Pior de tudo, alguns estão amargurados com Deus, com sua
Palavra e sua Igreja. A amargura sempre acaba manifestando-se. Todo câncer,
mais cedo ou mais tarde, virá à tona. Se tiver qualquer um desses sintomas,
você tem – no mínimo – uma raiz de amargura! Alguém falou ou fez algo que o
ofendeu? E, depois, você deixou de lidar com essa situação de acordo com as
instruções das Escrituras (Mt 18.15-19)? A amargura começou a criar uma raiz em
seu interior? Alguém recebeu (por mérito ou não) algo que você desejava ou
achava que merecia? Alguém (um irmão ou uma irmã) está recebendo atenção ou
afeto que você sente que merece, mas não recebe?
O curso da amargura
Você está
sofrendo de uma raiz de amargura? Examine-se para ver se possui alguns ou todos
os sintomas, os oito Sinais de Amargura.
Sinais de Amargura
Quando a
pessoa que o ofendeu entra na mesma sala onde você está, como você reage?
1) Sente-se
inundado por sentimentos negativos, fazendo com que seja obrigado a fingir que
está feliz em vê-la?
2) Vira-se
intencionalmente para ignorar e evitá-la?
3) A mera
menção do nome dela deixa um “gosto amargo” em sua boca?
4) Ressente
qualquer notícia de sucesso, qualquer relatório positivo a respeito dela?
5) Deseja
secretamente que sofra fracasso ou infortúnio – ou algo pior?
6) Lembra-se
constantemente dela?
7) Imagina
diálogos com ela em que consegue humilhá-la, colocá-la em seu merecido lugar de
derrota?
8) Tem a
tendência de conversar com outras pessoas a respeito das falhas ou erros da
pessoa que o ofendeu?
Você
permitiu que uma semente amarga germinasse em seu coração e espírito? Está
afetando você fisicamente, causando sintomas como pressão alta, insônia,
indigestão? (Observação: é claro que nem toda hipertensão é causada por
amargura, mas está por trás de uma parcela muito maior de ocorrências do que
imaginamos!) Sua família está sofrendo por causa de sua amargura? Outros estão
se contaminando por sua causa? Seus filhos já foram infectados? Será que a
amargura e rebeldia deles originaram-se de sua amargura? É verdade que você
ceifará o que semeou! Pastores amargurados geram ovelhas amargas. Cônjuges
amargurados produzem casamentos amargos. Pais amargurados criam filhos amargos.
Filhos amargos destroem e contaminam famílias. Será que você não contaminou
outros, involuntariamente, com essa insidiosa doença espiritual? Não se engane:
quando a amargura cria raízes, muitos são contaminados! Corações, lares e
igrejas já foram destruídos por ela. Precisamos de uma cura! Podemos
encontrá-la na Palavra.
A cura da amargura
1. Examine a
si mesmo: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os
meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho
eterno.” (Sl 139.23,24.) Nas palavras de um grande pregador: “Não há dúvida
alguma! Se há amargura, o problema está em você”. Ou você errou em palavra,
pensamento ou ação – ou errou em sua reação à pessoa que o ofendeu. Você já
pediu a Deus para sondá-lo e purificá-lo do pecado de amargura? Eu lutei com
amargura em relação a algumas pessoas na minha igreja. Cinco famílias deixaram
nossa comunhão em 1983. Fiquei muito amargurado com elas. Essa raiz de amargura
foi crescendo dentro de mim. Havia vários Sinais de Amargura em minha vida. Em
1985, meu apêndice rompeu e tive peritonite – infecção generalizada no abdômen.
Os médicos removeram o veneno do meu corpo, e o Senhor usou a experiência para
remover o veneno do meu espírito. Se julgássemos a nós mesmos, não seríamos
julgados.
2. Confesse: “Se confessarmos os nossos pecados,
ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça.” (1Jo 1.9.) Se o médico lhe dissesse que uma verruga de aparência
benigna em seu braço era, de fato, um melanoma – a forma mais maligna de câncer
de pele –, capaz de espalhar-se para seu fígado, pulmões ou cérebro, você
diria: “Ah, deixe ficar e crescer mais um pouco?” Ou você pediria que a
removesse imediatamente? E por que você permitiria que uma pequena raiz de
amargura permanecesse em seu espírito? “Porque se nos julgássemos a nós mesmos,
não seríamos julgados.” (1Co 11.31.)
3. Confronte: “Se teu irmão pecar contra ti, vai
argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.” (Mt 18.15.)
Depois de examinar a SI MESMO e depois de confessar SEU pecado, então – e
somente então – é que você pode confrontar com compaixão, no espírito de
Cristo, aquele ou aqueles que o ofenderam. Converse com ele (ou eles) em
particular. Muitos cristãos nunca perceberam que ofenderam alguém com palavras
ou ações. Você já feriu alguém sem perceber o que fez? Eu já. Portanto,
converse com quem o ofendeu, dando-lhe esse desconto, acreditando que podem nem
ter percebido o que fizeram. É assim que Jesus agiria, e é isso que ele espera
de nós!
4. Fique em paz: “Se possível, quanto depender de vós,
tende paz com todos os homens.” (Rm 12.18.)
Observe que
Mateus 18.15 diz: “Se ele te ouvir…” Algumas pessoas não se arrependem. Se não
agiram corretamente, e você fez tudo o que deveria ter feito, então você pode
ficar em paz. Não há mais nada que possa fazer. Não se aflija. Agora, é
problema do ofensor.
5. Seja semelhante a Jesus: “Antes sede uns para com os outros
benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo
vos perdoou.” (Ef 4.32.) Perdoe – a fim de ser perdoado. Perdoe como Cristo
perdoaria. Ame como Cristo amaria. Ande como Jesus. Converse como Jesus. Jesus
abrigaria uma raiz de amargura em sua vida? E por que você o faria? Você é
cristão? Que Deus purifique toda raiz de amargura de nossa vida!