Como gerir as finanças no ministério em nossos dias – Asaph
Borba
Recentemente foi postada uma lista em um blog na internet,
que cita entre muitos nomes e valores, o meu nome, assim como o suposto valor
do meu cachê. Após alguns tweeters de indignação, resolvi aproveitar a
oportunidade para trazer alguma luz sobre o assunto, podendo então realçar a
verdade.
Se eu, algum dia tivesse cobrado para ministrar em qualquer
igreja, não teria nenhum problema com a divulgação nem do fato de ter cobrado
quanto o valor, pois vivo a verdade, mas como os dados divulgados não são verdadeiros,
tenho a liberdade de abordar o tema de acordo com os princípios e entendimento
que norteiam meu ministério nesta área. Este artigo não é uma defesa, nem
tampouco tem a finalidade de agredir qualquer irmão que age ou pensa diferente
de mim. Nem mesmo os que divulgaram os dados equivocados e imprecisos.
1 – De graça recebei de graça dai
Aprendi com meus pais espirituais, que o ministério sempre
deve partir de nosso coração como uma dádiva, pois é um dom que recebemos do
Senhor. Seja, cantando, pregando ou ministrando aos irmãos de qualquer forma,
com qualquer que seja a arte, nossa atitude deve ser de dar. Atos 20:35 diz:
Coisa mais bem aventurada é dar do que receber. O Servo de Deus deve ser
dadivoso com a sua vida, priorizando o gastar-se por amor a Deus. Isto faço
nestes 37 anos de ministério, indo por este mundo afora, sem colocar preço no
dom dado por Deus, realçando assim a verdade e realidade de ser semelhantes a
Jesus que nos deixou esta diretriz: De graça recebei de graça dai (Mateus 10:8).
Nosso Pai é abundante e quando o princípio de dar e ministrar sem nada em troca
é aplicado, nosso Deus segundo sua riqueza e glória a de suprir todas as
necessidades. Quando cremos assim aprendemos gradativamente a gerir nosso
ministério pela fé e não por aquilo que podemos receber dele.
2 – Digno é o
trabalhador de seu salário
Em Lucas 10:7 Jesus coloca este princípio. Todo aquele que
se entrega ao serviço do Senhor deve receber dignamente deste trabalho. O mundo
paga bem seus artistas cantores e profissionais. Trabalhei no início do meu
ministério em uma das retransmissoras da rede Globo e era bem pago como
supervisor de áudio. Tinha todas as regalias de um bom profissional e era honrado. Isto, no mundo, está dentro do
princípio de JUSTIÇA, e para Deus também. O mesmo Deus, que ensina dar, ensina
honrar com dignidade, pois sua justiça é um princípio imutável da Palavra. E
este é hoje, um dos grandes problemas na Igreja. A ausência da visão de
abençoar com generosidade os ministérios, que muitas vezes nem são reconhecidos
e em muitos casos os ministros são até mesmo explorados Na minha própria
história tenho inúmeros casos de ter ido a lugares que nem a passagem foi paga, oferta muito menos.
Creio que isto já aconteceu com a maioria dos irmãos e irmãs, que encontraram
no cachê uma maneira mais prática e segura de administrar o assunto. Não uso
esta forma, mas não julgo nem condeno quem o faz.
3 – Oferta ou cachê –
quando um quando outro
Creio que o modelo bíblico tem mais a ver com o receber pela
fé aquilo que Deus manda através do amor e generosidade dos irmãos, igrejas e
eventos. O tamanho, a quantia tenho deixado que Deus defina, em uma atitude de
fé e entrega total a ele. Por isso, mantive minha estrutura ministerial e
doméstica, sempre como uma firme, porém pequena tenda que pode sempre ser
expandida ou diminuída de acordo com os recursos disponíveis. Devo entretanto
dizer que Deus foi, através desse passo de fé, abundante. Minha porção foi
recalcada, sacudida e transbordante. Pude construir e fazer tudo que o Pai me
mandou fazer, sem nunca faltar nada. Não posso contudo, exigir este padrão e
critério, de todos os irmãos que se levantam para ministrar ao Senhor.
Primeiro, que cada um tem um diferente contexto de vida, fé e compromissos.
Alguns contratam seus músicos para apresentarem um trabalho mais elaborado,
enquanto eu ministro com os músicos das igrejas e quando muito, viajo com
poucas pessoas. Em segundo lugar, tenho já uma estrutura apta a bancar inúmeros
aspectos do ministério sem precisar jogar sobre a agenda a carga maior de
sustento do mesmo.
Alguns irmãos são agenciados por escritórios que administram
suas agendas, com os quais, têm compromissos que lhes tiram a independência de
critérios. Além de tudo, existe ainda o fato de muitos ministros estarem
exercendo seus ministérios em eventos públicos financiados por prefeituras que
têm verbas gordas para cachês. Não há nada de errado em estes recursos estarem
vindo para a mão de cantores e músicos cristãos, que sabidamente, estão
proclamando o nome do Senhor. Até mesmo alguns pastores de Igrejas preferem
trabalhar com valores pré definidos. Se estão fazendo dessa forma de sã
consciência sem ganância, não há dolo. O problema que vejo em definir um valor
é que sempre haverá alguém que não poderá paga-lo e isto, sem dúvida acaba
por limitar e em muitos casos, abrevia o
ministério.
4 – A sociedade do espetáculo
Hoje vivemos em uma sociedade diferente. A sociedade do
espetáculo, onde as pessoas acostumaram-se com o show. A facilidade de
iconização de músicos, cantores e pregadores é o comum. Estes não podem porém
cair na cilada de se tornarem artistas. Devemos lembrar sempre que somos
ministros chamados por Deus para proclamar sua palavra. A simplicidade é a
chave para que o fluir de graça e amor de Deus continue jorrando através de
cada um de nós, para que possamos marcar nossa geração. Deve ser lembrado
sempre que a estação de brilho e sucesso é passageira. Um dia podemos estar em
evidência e algum tempo depois não. Assim os critérios utilizados hoje podem
não servir para amanhã. Por isso que enfatizo que os princípios de fé e entrega
total a Deus, deve ser nosso padrão.
5 – A
generosidade ainda ausente na
Igreja?
Por fim, o que deve ser desenvolvido, além de um espírito de
servo em cada ministro, é a generosidade, da qual ainda carece a Igreja
Brasileira. Paga-se qualquer preço por um bom som ou qualquer outro bem móvel
ou imóvel, mas se investe pouco no ministério. Alguns grupos nem reconhecem
este serviço profético prestado por nós como um ministério na Igreja. Ainda
hoje ouço alguém dizer: “Você pode vir aqui? Mas não podemos te dar nada”. Isto
quer dizer que querem o que temos mas sem nenhum compromisso em abençoar
ofertando a quem ministra. Tanto os exageros de cobranças quanto a ausência de
generosidade são responsáveis pelas distorções que presenciamos e isto só
acabará quando os princípios da Palavra citados no início deste artigo forem
restaurados tanto de um lado quanto de outro. Deus, em sua riqueza e glória há
de suprir cada uma de nossas necessidades.
Retirado do Blog do Pr. Asaph Borba –
http://blogdoasaph-blogdoasaph.blogspot.com.br/